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AHEAD OF THE GAME

André Jordan*

Entre as várias actividades que fizeram parte da realidade dos meus negócios, o mundo do golfe tem sido a que mais satisfação me tem dado e, ao mesmo tempo, menos preocupações, e as razões não são difíceis de encontrar. Numa recente pesquisa levada a cabo nos EUA entre jogadores de golfe regulares, verificou-se que a camaradagem é, para os golfistas, o factor que mais importa. Os benefícios do exercício físico e o contacto com a natureza são considerações secundárias...

Durante a minha carreira tive a sorte de conhecer pessoas maravilhosas nas diversas fases do projecto até à construção dos campos de golfe, incluindo as equipas de gestão e operações diárias e, naturalmente, os próprios jogadores.

Quando pensei construir um campo de golfe na Quinta do Lago, aquele que era o meu primeiro projecto em Portugal, pedi ao meu amigo e ex-sócio Jerry Wolk que me recomendasse um arquitecto de golfe. O Jerry, advogado e homem de negócios, já tinha estado envolvido na criação de outros clubes de golfe e era, na altura, o presidente do clube onde jogava, em Great Neck, Long Island, no Estado de Nova Iorque. Aconselhou-me Bill Mitchell, um arquitecto americano da New England, estabelecido em West Palm Beach, na Florida, cujos campos obedeciam aos traços do estilo tradicional americano de desenho de campos de golfe.

Nos seus campos, não havia lugar a dificuldades artificiais, resultando num teste justo para os jogadores amadores e, ao mesmo tempo, um autêntico desafio para os profissionais. Apaixonado pelo lugar, o Bill teve a sabedoria de adaptar este seu conceito ao terreno e à paisagem da Quinta do Lago. Ele era um dos discípulos de Dick Wilson, o primeiro grande arquitecto de golfe a ser reconhecido nos EUA, após a Segunda Grande Guerra. Arrojado e inovador, ele defendia um estilo aberto e modernista, que se veio a tornar sinónimo desta nova era caracterizada por relvados compactos, amplos fairways, greens grandes que recebem bem a bola e bunkers estrategicamente colocados.

Decidi adoptar a filosofia da escola de Dick Wilson, através dos meus arquitectos, já que todos haviam trabalhado com ele; Jo Lee e o seu sócio Rocky Roquemore e, mais tarde, Ed Seay, o arquitecto que trabalhou de perto com Arnold Palmer mais de 35 anos. Martin Hawtree, o arquitecto de golfe inglês que desenhou o Millennium Golf Course, é a excepção que confirma a regra. Este estilo, cujo principal representante é actualmente Arnold Palmer, contrasta significativamente com as abordagens mais elaboradas e menos naturais de alguns dos arquitectos mais conhecidos de hoje. Nasceu da fórmula britânica do desenho de campos de golfe e o seu ex-libris talvez se encontre nos EUA, no extraordinário Augusta National Golf Club, no Estado da Geórgia, desenhado por Alister Mackenzie.

Acredito que esta é a chave do sucesso no desenho e na construção de campos de golfe, que permitiu o reconhecimento dos campos em Portugal, ao longo dos tempos. Temos organizado um sem número de extraordinários e memoráveis eventos, tanto para profissionais como para jogadores amadores, e recebemos importantes torneios para um grande número de clientes. Assistimos ao excepcional desenvolvimento do golfe em Portugal. É crescente o número de jovens a iniciarem-se na modalidade, tal como cada vez mais se vêm nos campos de golfe mulheres que  jogam regularmente.

Ao longo de quatro décadas, aproximadamente cinco milhões de golfistas jogaram nos campos que nós criámos ou gerimos. E muitos deles regressaram mais do que uma vez. Outros investiram nas comunidades que criámos, adquirindo a sua habitação ou uma segunda casa, e assim tiraram partido do clima ameno e da hospitalidade do povo português.

* prefácio do livro «Ahead of the Game» adaptado para este website